A progressão temática em um texto de divulgação do conhecimento
• A progressão temática é o desenvolvimento do texto em sequências de informações ligadas por meio de mecanismos que garantem a coesão e a coerência.
• A manutenção e a progressão do tema são procedimentos fundamentais para a construção da coesão e da coerência do texto.
• Recursos de repetição:
− A anáfora retoma um termo citado anteriormente, contribuindo para a continuidade do texto.
− A paráfrase é a volta ao que foi dito antes, mas com outras palavras, como se o objetivo fosse reforçar ou explicar melhor o enunciado.
• Recursos de substituição:
− Por meio de pronomes e advérbios, ocorre a retomada de elementos do texto.
− Os sinônimos são termos que compartilham a semelhança de significado.
• Recursos de conexão:
− Os conectores ligam orações, períodos, parágrafos e blocos maiores de um texto, por meio de conjunções, preposições, locuções conjuntivas e prepositivas e alguns advérbios e locuções adverbiais.
• Recursos de associação:
− Campo semântico é o conjunto de palavras que pertencem à mesma área de conhecimento.
• No interior de um trecho marcado por aspas duplas, as palavras, expressões ou frases a serem destacadas também por aspas devem ser marcadas por aspas simples.
• A forma pode está no presente do indicativo, por isso não leva acento; pôde está no pretérito perfeito do indicativo, então recebe o acento circunflexo.
Persuasão é o ato de convencer (persuadir) alguém ou a si mesmo a acreditar ou aceitar uma ideia, opinião, fato. Argumentação é a apresentação de fatos, ideias, opiniões, razões lógicas, comprovações para confirmar uma tese.
• A finalidade da reportagem é detalhar um fato – geralmente publicado antes como notícia – para aprofundar conhecimentos, formar opinião, promover a reflexão e instigar a discussão a respeito desse fato.
• Na reportagem sobre assunto polêmico, o repórter apresenta argumentos discordantes sobre o assunto, a fim de evidenciar o debate de ideias.
• Um dos tipos de argumentos mais frequentes é aquele baseado na autoridade, no qual se considera a validade do argumento ou da posição defendida de acordo com a credibilidade atribuída à palavra de alguém publicamente considerado uma autoridade no assunto.
• No discurso direto, as palavras e os pensamentos dos falantes são reproduzidos como foram formulados, de modo que a reprodução do enunciado é fiel, e o discurso mantém a vivacidade própria da fala. Já no discurso indireto, o narrador reproduz a fala da personagem, adaptando-a à própria voz.
* Separa-se o aposto por dupla vírgula, porque é um elemento que pode ser subtraído do enunciado.
• Na translineação, não se separam as letras p, b, t, d, f, c, g, m e s, quando elas estão em final de sílaba.
• A voz ativa é a forma dada ao predicado quando se deseja atribuir o papel de sujeito da oração ao agente da ação verbal. Quando se deseja atribuir o papel de sujeito ao paciente da ação verbal, emprega-se a voz passiva.
• A escolha da voz ativa ou da voz passiva depende do que se pretende valorizar no fato a ser enunciado: sujeito agente (voz ativa) ou sujeito alvo da ação ou afetado por ela (voz passiva).
• Apenas orações com verbos transitivos diretos podem ser apassivadas.
• As noções de sujeito e objeto indicam a função sintática dos elementos que se organizam em torno do verbo, ao passo que as noções de agente e paciente designam o papel semântico desses elementos.
• O agente da passiva pode ser omitido, seja porque se desconhecem os responsáveis pela ação, seja para evitar redundância, seja, ainda, para se obterem determinados efeitos de sentido.
• Na estrutura da voz passiva analítica, emprega-se o verbo auxiliar ser + o particípio do verbo principal.
• Na voz passiva pronominal, não se usa o verbo auxiliar ser, pois é o pronome se que apassiva a oração. Nessa construção, o agente da passiva raramente aparece.
• O ponto de interrogação é usado em frases interrogativas no contexto monologal de ficção do diálogo.
• O emprego das letras s, c, ç, z, x e do dígrafo ss constitui irregularidades em muitas palavras, daí a necessidade de recorrer ao dicionário ou à memorização para grafá-las.
• Um texto não é uma sequência de palavras e frases ao acaso; daí o emprego de vários tipos de nexos, que são elementos de ligação entre suas partes e garantem sua coesão e coerência.
• A coesão refere-se ao modo como os elementos (palavras, orações, períodos, parágrafos) se articulam no texto criando harmonia entre eles.
• A coerência refere-se a uma das características do texto responsável pelo sentido, pela lógica entre suas partes e pela constatação de que o texto tem nexo.
• A substituição lexical consiste no uso de uma palavra no lugar de outra que seja textualmente equivalente.
• Hiperônimo é o sentido mais geral de um termo em relação ao de outro mais específico. Hipônimo é o sentido mais específico de um termo em relação ao de outro mais geral.
• A referenciação pronominal é o ato do falante pelo qual indica ao(s) interlocutor(es) a que ou a quem ele está se referindo, por meio de pronomes.
• Os pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos são usados na coesão pronominal por se referirem a algo ou a alguém.
• Os pronomes relativos também têm a função de estabelecer relações entre as partes de um texto para torná-lo coeso e coerente.
• A vírgula separa orações coordenadas ligadas pela conjunção e, cujos sujeitos sejam diferentes; também é empregada em orações coordenadas ligadas pela conjunção e com ênfase em seu valor argumentativo.
• No meio da palavra, depois de consoante e antes de vogal, e no início de palavra, o fonema /s/ sempre será representado por apenas um s; no meio da palavra, entre vogais, sempre será representado por ss.
'Por que razão Luís de Camões é considerado um renascentista?'
A ' par dos humanistas seus contemporâneos, Camões é um dos que melhor recuperam a cultura greco-latina, seja em formas poéticas revisitadas, seja na dignificação do maravilhoso pagão em que também se apoia a sua épica. Conceitos de 'inspiração' (do Íon platónico) ou de mimese (imitação) aristotélica são igualmente aproveitados por quem acredita no Homem como medida das coisas. Esta crença, obscurecida em certos sonetos e canções ou, mesmo, em partes d'Os Lusíadas (donde falar-se num Camões maneirista), acompanhava a descoberto de novos mundos, o que aos portugueses grandemente se deve, e foi superiormente cantado pelo Poeta. Há, nele, lugar para a experiência e, se o respeito pelo antigo não esmorece, já a afirmação do saber experimental (aquele «vi claramente visto»), da vitória dos homens sobre os elementos, é a outra face de um processo, pessoal e colectivo, em que gregos e latinos também se inscrevem por terem sido vencidos, no canto épico e em feitos, por seus filhos civilizacionais. É nesta herança que se conforma o Renascimento e, concretamente, um Camões, capaz de unir a mitologia pagã e a cruzada da Fé católica na figura de um herói ao serviço, não de si mesmo, mas da nação e do seu rei.'
O período renascentista foi caracterizado pela expansão da navegação, comércio e sistema bancário, crescimento das cidades, enriquecimento da burguesia, declínio do poder da Igreja e surgimento dos estados nacionais, bem como pelo cultivo da alegria, luxo e prazer nas cortes, em contraste com o rigor medieval. Burgueses e nobres buscam a satisfação material. O homem é colocado no centro do universo. Novos estudos e descobertas acontecem na medicina, astronomia, navegação, nas artes e outros campos do saber. Galileu desenvolve o telescópio e questiona o heliocentrismo; Piero della Francesca cria a perspectiva na pintura. “Criaram-se instrumentos mais adequados para a navegação, observação astronômica e medição do tempo. Os novos conhecimentos e técnicas puderam ser divulgados graças ao aperfeiçoamento do papel e dos métodos de impressão. Com a possibilidade de reprodução em maior número e com maior rapidez, cresceu a circulação de livros”, escrevem Izeti Fragata Torralvo e Carlos Cortez Minchillo. No Renascimento, também chamado de Humanismo, acontece também a revalorização da cultura greco-romana, a partir da tradução de textos clássicos de arte, filosofia e ciência da Antiguidade, de autores como Aristóteles, Platão, Homero, Virgílio. “A obra desses filósofos e artistas, produzida antes da era cristã, evidenciava a grandeza humana, revelando o poder do homem de gerar idéias e praticar importantes ações. Dessa visão gloriosa originou-se uma concepção humanista que se reflete na produção artística do Renascimento”, afirmam Torralvo e Minchillo.
Segundo Geir Campos, “o Renascimento era, a bem dizer, uma volta ao homem, depois do longo e sombrio túnel da Idade Média. Esse formidável surto de confiança no ser humano tinha uma série de razões práticas: a invenção da bússola, aplicada no Ocidente desde 1300, a declinação magnética (fundamental para a navegação oceânica) verificada por Colombo em 1490, a fabricação de armas de fogo com mecha em 1400 e com espoleta em 1500, os vidros de aumento combinados em lunetas no século XIV, a invenção da gravura em fins desse mesmo século, a invenção da prensa com tipos móveis em 1440, a industrialização do ferro em altos fornos, as novas formulações da astronomia e da trigonometria, as grandes navegações e os descobrimentos marítimos, o sistema heliocêntrico de Copérnico, a reforma da cronologia juliana por Gregório XIII, o interesse crescente pela natureza e pela pessoa humana – tudo isso dava lugar a um clima de euforia revolucionário.”
É nesse contexto histórico e cultural que se desenvolve a obra do maior poeta português de todos os tempos: Luís Vaz de Camões.
A lírica de Camões – composta de sonetos, canções, odes, sextinas, poemas em redondilhas, em estilo trovadoresco – recebeu forte influência do doce estilonovo, tendência literária surgida na Itália, no século XVI, e trazida a Portugal em 1527 por Francisco Sá de Miranda. O gênero poético mais praticado pelos poetas do doce estilo novo era o soneto petrarquiano, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rimas distribuídas na sequência A-B-A-B A-B-A-B C–D–C-C–D e métrica decassilábica.
Sextina: poema composto em seis estrofes, de seis versos cada.
Oitava: estrofe de oito versos.
Écloga: poesia pastoril dialogada.
Elegia: poema de tema triste ou relacionado à morte.
Ode: composição de caráter elogioso, dedicado a deuses, reis, heróis ou atletas.
Conforme escreve Geir Campos:
“Nas Rimas, editadas postumamente em 1595, o poeta praticou a ‘medida nova’, escrevendo textos de nítida influência italiana, bem nos moldes renascentistas; isto é, adotou frequentemente a estrutura do soneto, o verso decassílabo, a postura racional e filosófica (...). Até mesmo o sentimento amoroso — tema comum na lírica renascentista — é submetido a uma compreensão lógica por meio da qual se busca uma verdade genérica, universal. (...) Essa atitude reforça o compromisso com a especulação racional, típica do homem renascentista. (...) Camões interpreta suas experiências amorosas de modo idealizante, não se distanciando das concepções neoplatônicas comuns aos homens cultos do seu tempo. Valoriza-se o impulso amoroso em uma dimensão de pureza, de imaterialidade do pensamento, alheio a interesses e desejos sensuais.”
A esse respeito, escreve Ivan Teixeira:
“Camões entende o amor como um meio para o aprimoramento do caráter, cuja perfeição, na época, exigia também o convívio com as armas. Saber amar era uma delicada virtude do Renascimento, virtude transformada em disciplina filosófica. A sua prática aproximava o homem de Deus, na medida em que apurava o conhecimento da Beleza, projeção máxima do esplendor divino. O amor em Camões confunde-se com o logos, isto é, só atinge plena existência mediante a expressão verbal. Camões não se preocupa propriamente em amar, no sentido corriqueiro de posse da amada; está mais interessado em falar do amor.
As contradições amorosas não são as únicas analisadas na obra camoniana. São também tematizados os dilemas humanos, a sensação de impotência diante do destino. Cria-se um universo de incertezas e desestabiliza-se a sensibilidade do poeta, que passa com freqüência a se revelar melancólico, depressivo.
O poeta se debate na tentativa de entender os opostos inconciliáveis, como a justiça e a injustiça, o eterno e o efêmero, o incerto e o previsível. No nível da linguagem, verifica-se a constância das antíteses, dos paradoxos. Tais temas e recursos estilísticos antecipam características do Barroco (século XVII).”
Principais temas da poesia lírica de Camões:
— instabilidade dos sentimentos e da realidade
— ideal de perfeição, física e moral
— desconcerto do mundo
— amor idealizado
— perda da amada
— o próprio trabalho poético
A épica camoniana
Diz o poeta e ensaísta norte-americano Ezra Pound: “Os Lusíadas são, de acordo com Hallam, ‘a primeira tentativa bem-sucedida na Europa moderna de construir um poema épico sobre o modelo antigo’.” O tema é adequado ao tempo; é a viagem de Vasco da Gama, com interpolações da história de Portugal. Essa viagem foi feita em 1497-99. Camões nasceu em 1524 e Os Lusíadas foram publicados em Lisboa em 1572. Camões tem entusiasmo suficiente para escrever uma epopéia em dez livros sem se deter uma só vez para qualquer tipo de reflexão filosófica. Ele é o Rubens do verso. (...) Os Lusíadas têm mais valor que um romance histórico: eles nos dão o tom do pensamento da época.”
Ivan Teixeira escreve a respeito da poesia épica:
“A epopéia era a forma poética mais importante nos tempos heróicos da Grécia homérica, mais ou menos entre os séculos XII e VIII antes de Cristo. (...) O verso hexâmetro funcionava esplendidamente para o registro das façanhas e das lendas do homem grego. (...) Os cantos homéricos exaltavam a astúcia, a força, a coragem, a amizade, a hospitalidade, a obediência aos deuses e a fidelidade aos reis. Nos combates ou nas aventuras, venciam as pessoas de coração mais forte, porque estas eram as preferidas dos deuses. Sendo longas narrativas de exaltação do cumprimento do dever cívico e religioso, os poemas homéricos vinculavam-se estreitamente aos interesses e à sensibilidade de então, porque redimensionavam artisticamente as guerras, as viagens, os mitos e as lendas do povo, pondo em evidência suas crenças e seus valores.”
Os Lusíadas, de Camões, “aproximam-se mais da Eneida que dos poemas homéricos não só do ponto de vista da importância de um sobre o outro, mas também do ponto de vista da história de sua redação. Tal como Virgílio, Camões compôs sua epopéia com o propósito político de legitimar pelas letras a história portuguesa, desde suas origens míticas na Idade Média até a expansão mercantilista no Renascimento, dando ênfase à descoberta do caminho marítimo para a Índia, levada a efeito por Vasco da Gama entre 1497 e 1499”.
“Camões embarcou para o Oriente, onde viveu quase vinte anos, viajando de um lugar para outro, a serviço do exército português. (...) Boa parte de Os Lusíadas foi escrita em Goa. O resto foi sendo composto ao sabor das viagens, pelos lugares em que o poeta passava, em sua agitada vida de soldado e de aventureiro. É célebre a lenda de que, por pobreza, escreveu trechos dos Lusíadas numa gruta de Macau, na China, em péssimas condições materiais. O fato de o maior poema da língua ter sido parcialmente escrito no Oriente põe em destaque o internacionalismo de Portugal no século XVI. Por outro lado, revela oaspectoverdadeiramente renascentista da vida de Camões, o que impediu seu espírito de se limitar ao universo geográfico e cultural da Europa. O poeta acreditava no discurso dominante da época: para ele, a história portuguesa tinha uma missão civilizadora a cumprir no mundo, impondo aos quatro cantos sua religião e sua doutrina política.”
Há nos Lusíadas “incríveis batalhas medievais, saborosas interferências dos deuses pagãos no universo cristão, surpreendentes incidentes da vida marítima: perigos, tempestades e outros fenômenos naturais, o inventário da vida exótica do Oriente, a celebração do amor físico (...), a versão poética de lendas pagãs”.
Na época, a expansão européia do Cristianismo se confundia com o ideal da guerra santa. “Apesar da exaltação da guerra, o poema de Camões apresenta diversas passagens que conflitam com o gênero épico e se aproximam do gênero lírico, que põem em relevo as ternuras do amor ou as incertezas do indivíduo.”
DIVISÃO INTERNA DO POEMA
Diz Ivan Teixeira:
“As epopéias antigas, inclusive a Eneida, possuíam uma introdução formular, que se dividia em duas partes: a proposição e a invocação. Quase sempre fundidas num só pensamento, essas partes continham o anúncio do assunto e o pedido de inspiração às musas.”
“A essas duas partes tradicionais, as epopéias renascentistas acrescentaram uma terceira: a dedicatória, na qual se exaltavam as virtudes políticas, religiosas e guerreiras do rei ou de um nobre importante, os quais retribuíam a gentileza com a edição do trabalho e com alguma proteção financeira.”
“Depois da dedicatória, iniciava-se a narrativa, arrematada por considerações morais chamadas epílogo.”
DIVISÃO EXTERNA DO POEMA
Prossegue Ivan Teixeira:
“Externamente, Os Lusíadas dividem-se em 10 cantos, os quais se subdividem em estrofes de oito versos decassílabos cada uma. Essas estrofes chamam-se oitavas-rimas. Nos seis primeiros versos, as rimas são alternadas; nos dois últimos, emparelhadas.”
Decassílabos heróicos (sexta e décima sílabas) e sáficos (quarta, oitava e décima sílabas).
“Os Lusíadas compõem-se de 1.102 estrofes, perfazendo um total de 8.816 versos.”
“Há diversos narradores em Os Lusíadas, todos dominados pelo espírito de celebração nacionalista. O mais importante deles é a persona ou personagem épica, espécie de entidade abstrata que nos conta a história. Trata-se de uma voz impessoal, que se confunde com a de um poeta inspirado pelas musas.”
Outros narradores do poema são Vasco da Gama e a ninfa que, durante o banquete na Ilha dos Amores, prediz o futuro dos portugueses, incluindo o descobrimento do Brasil.
Os navegantes voltam a Lisboa dois anos após sua partida.
“Pelo que ficou exposto, pode-se concluir que há dois planos em Os Lusíadas: o plano histórico, dominado pela crônica dos feitos que conduziram Portugal à condição de grande nação européia, e o plano mítico, dominado pela presença dos deuses da mitologia greco-latina.”
“O plano mítico envolve sobretudo a presença de Vênus, deusa do amor, e a de Baco, deus do vinho. Vênus protege os portugueses durante a viagem; Baco os atrapalha.”
“Essa ficção mitológica” (o Concílio dos Deuses, no Canto I) “tem tudo a ver com a estrutura artística do poema, porque indica que sua narrativa oscilará entre o domínio de Marte (guerra, epopéia) e o de Vênus (amor, lirismo), o que corresponde à dualidade de gêneros literários de que se falou acima. Nesse sentido, o episódio (...), um dos mais belos do poema, possui também função metalingüística, razão pela qual o poeta o colocou bem no início da narrativa, a partir da estrofe 20 do primeiro canto.”
“Além disso, há interferência dos mitos católicos, dos quais o exemplo mais consagrado é a Batalha de Ourique, na qual o próprio Cristo teria auxiliado Afonso Henriques a deter os árabes em seu avanço contra as terras cristãs.”
SOBRE A EPOPEIA
“Epopeia é a narrativa em versos de uma estória com significação nacional e universal. (...) Nesse sentido, Os Lusíadas, em vez de celebrarem as glórias portuguesas, celebram antes o início das relações marítimas entre Ocidente e Oriente.”
“Embora fundada na história das elites de um povo, a epopeia deve incorporar lendas, mitos e tradições populares. Além disso, deve conter viagens, guerras e, no mínimo, um banquete. A função do banquete na epopeia é servir de cenário para o canto de um aedo, cujo conteúdo pode ser a síntese de aventuras passadas ou a profecia de conquistas futuras. Em ambos os casos, o aedo funciona como narrador paralelo de matéria que não cabe na estória central da epopéia, mas possui importância para sua significação geral.”
“Assim, uma epopeia não se caracteriza apenas pelo assunto heroico nem somente pelo tom de celebração nacional. Deve também conter alguns elementos formais estabelecidos pela tradição, como as interpolações de casos menores no argumento central. Outro traço típico da epopeia é iniciar a narrativa no meio de sua ação” (in media res, ou “começar pelo meio das coisas”, expressão extraída da Arte Poética de Horácio.)
“Estes requisitos são importantes para a caracterização do discurso épico. Mas nenhum deles talvez seja tão importante quanto a elevação da linguagem. O estilo épico deve ser sublime, não apenas no sentido de envolver grandiosamente o leitor, mas sobretudo no de revelar profundo e sábio convívio com os segredos da língua em que é escrito.”
O poeta épico deve “incorporar vocábulos correntes, vocábulos arcaicos, exóticos, vocábulos latinos, vocábulos gregos. Além de observar a tradição, um grande épico deve inventar palavras e propor usos imprevistos aos olhos dos gramáticos e das forças conservadoras do idioma”.
“As inovações de uma epopeia não devem restringir-se ao nível vocabular do idioma, precisam atingir também o nível sintático e fonológico. E a riqueza sintática e sonora da epopeia camoniana não tem tamanho. A principal fonte de suas inovações era o latim clássico, mas nem por isso o poeta deixou de acatar sugestões da língua falada em seu tempo.”
fontes:
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/renascimento-luis-de-camoes/15247 [consultado em 25-06-2022]
• As classes de palavras que
modificam os substantivos são: adjetivos e locuções adjetivas, artigos,
numerais e pronomes adjetivos.
• Um substantivo pode ser
modificado por mais de um elemento, dependendo do objetivo do enunciador e dos
efeitos de sentido que ele deseja atribuir a seu enunciado.
• A concordância nominal é a
igualdade de flexões entre o gênero e o número do substantivo e das palavras
que a ele se referem, ou seja, os modificadores são: adjetivo, numeral, artigo
e pronome adjetivo.
• A regra básica da
concordância nominal determina que as palavras que se associam ao substantivo
(ou ao pronome substantivo) concordam com ele em gênero e número.
• A linguagem informal nem
sempre obedece à concordância nominal.
• A concordância verbal é a
igualdade de flexões de pessoa e número entre o verbo e seu sujeito.
• A concordância verbal
obedece a regras da gramática normativa. Regra básica de concordância verbal na
linguagem formal ou culta escrita: o verbo concorda com o sujeito em pessoa e
número.
• A ordem dos termos na frase
não altera a obrigatoriedade das concordâncias verbal e nominal.
• A revisão dos próprios
textos escritos, com atenção especial à concordância, é um procedimento importante
para o cumprimento das regras da gramática normativa.
• O ponto-final usado para
separar períodos longos enfatiza as ideias e confere clareza ao texto.
• Os advérbios e as locuções
adverbiais associam-se aos verbos para denotar circunstância de tempo, lugar,
modo, intensidade, etc. Os advérbios são invariáveis, já que não sofrem nenhuma
flexão nominal.
• Os advérbios oracionais
modificam a oração inteira e não apenas o sintagma verbal.
• As locuções adverbiais são
formadas de preposição + substantivo e têm o mesmo valor e emprego dos advérbios.
• A designação “adjunto
adverbial” é uma classificação sintática e não morfológica.
• O adjunto adverbial é um
termo geralmente ligado ao verbo e é representado por sintagmas adverbiais.
• O adjunto adverbial tem a
mesma classificação dos advérbios e, como estes, acrescenta noções ao verbo (ou
à oração).
• Além de modificar o sentido
do verbo, alguns adjuntos adverbiais de natureza intensificadora ou modalizadora
podem modificar o sentido do adjetivo ou de outro advérbio.
• O adjunto adverbial
oracional modifica uma oração inteira.
• A vírgula separa segmentos de
função gramatical equivalente quando o último não se liga ao anterior por
elemento coordenativo.
• A palavra mal, quando advérbio, substantivo ou
conjunção, é escrita com l final,
sendo antônimo de bem; a palavra mau é quase sempre adjetivo (pois pode ser
também substantivo) e antônimo de bom.
Os verbos são palavras que se
caracterizam – e se diferenciam – por terminações (ou desinências), que indicam
modo, forma nominal, tempo, pessoa e número. Essas terminações se juntam ao
radical dos verbos, que é a parte que contém o significado básico da palavra.
Modo:
Indica
as diferentes atitudes do enunciador (quem fala ou escreve) com relação à ação ou
ao processo que enuncia. São três: indicativo, subjuntivo e imperativo.
Formas
nominais: infinitivo (desinência -r), gerúndio (desinência -ndo) e
particípio (desinências -ado e -ido).
Tempo:
indica
o momento em que o evento – ou o estado – ocorre como anterior (passado), simultâneo
(presente) ou posterior (futuro) ao momento da fala.
Pessoa:
está
relacionada aos indivíduos envolvidos no discurso.
Número:
responsável
pela concordância do verbo com o sujeito no singular ou no plural.
Do ponto de vista sintático, o verbo organiza a oração por meio da
concordância com o sujeito, da transitividade, da regência e da voz; do ponto
de vista semântico, os verbos podem indicar ação, transformação, fenômenos
naturais, fatos, estado, localização, etc.
A locução verbal é a combinação de um verbo auxiliar flexionado com
uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) do verbo
principal.
As formas com verbos
auxiliares podem marcar a duração de uma situação, indicando pontos de vista diversos
sobre ela.
O
presente simples pode exprimir:
um
evento quese prolonga até o momento da fala (Gosto de ler histórias
policiais.); um evento habitual
(Levanto-me diariamente às sete horas.); uma
característica ou estado permanentes (O diamante é resistente.); uma verdade geral e atemporal (A dengue
deve ser tratada.); um evento passado
quando se quer atribuir vivacidade e atualidade ao enunciado (Dom Pedro proclama
a independência do Brasil em 1822.). O
presente progressivo, formado pelo verbo auxiliar estar + o gerúndio do verbo
principal (eu estou cantando), indica um evento simultâneo ao momento da
fala.
O
futuro simples é atualmente empregado quase que só na
linguagem escrita formal. Na fala, foi substituído pelo futuro composto, em que
se combina o verbo auxiliar ir com o infinitivo.
O futuro do pretérito, conhecido como condicional, expressa um evento
que ocorreria sob determinadas condições.
O pretérito perfeito do indicativo encara o evento como ocorrido em
um tempo anterior ao momento da fala e o dá como concluído.
O pretérito imperfeitodo
indicativo situa o evento no passado (momento anterior ao momento da fala),
dando-o como habitual, mas não concluído.
O pretérito perfeito composto é formado pelo auxiliar ter no presente
do indicativo mais o particípio do verbo principal e expressa um evento que
teve início no passado e continua até o presente.
O pretérito mais-que-perfeito composto apresenta um evento situado no
passado e anterior a outro, também no passado. É formado pelo verbo ter ou haver
no imperfeito do indicativo mais o particípio do verbo principal, forma que
predomina sobre o mais-que-perfeito simples, atualmente em desuso.
O falante usa o modo subjuntivo quando avalia o evento
como duvidoso, hipotético ou irreal.
A correlação verbal resulta
da coerência entre o tempo do verbo da oração principal e o da oração subordinada.
O falante usa o modo imperativo quando deseja comunicar
ao interlocutor uma ordem, um conselho, um pedido, uma sugestão, um convite.
As nuances do imperativo e
das formas de comando são expressas pelo acréscimo de expressões de cortesia
(ou de polidez), ou pelo emprego do presente ou do futuro do indicativo, do
pretérito imperfeito do subjuntivo ou de formas do verbo querer.
As
formas nominais são três.
O
infinitivo (forma terminada em -r) é a forma nominal que representa
o verbo; nomeia uma ação ou um estado, por isso tem valor de substantivo. É
chamado de impessoal quando não se refere a nenhuma pessoa gramatical, ou seja,
não tem sujeito. O infinitivo pessoal
apresenta desinências para as três pessoas do plural (nós, vós, eles) e para a
2ª do singular (tu).
O
gerúndio (forma terminada em -ndo) tem valor de advérbio ou de
adjetivo e, basicamente, expressa uma ação em curso.
O
particípio (forma terminada em -ado ou -ido) apresenta o resultado
do processo verbal; tem valor de adjetivo.