quinta-feira, 3 de novembro de 2016

PARTÍCULA APASSIVADORA E INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

Contextualizando-nos ao universo da sintaxe, muito se ouve falar sobre esta expressão: partícula apassivadora. Pode ser que para muitos, sobretudo aqueles que ainda dispõem de um conhecimento mais aprimorado acerca dos fatos que norteiam a língua, tal palavra possa representar um palavrão, dado fato de ela não se conceber assim como tão recorrente no nosso cotidiano linguístico.
No entanto, saiba que conhecê-la um pouco mais, denota, sobretudo, aperfeiçoamento, aprimoramento nas práticas linguísticas das quais fazemos uso, sobretudo em se tratando da modalidade escrita da linguagem.
Cabe-nos, portanto, retomarmos alguns conceitos relacionados às vozes verbais, que nada mais são do que aqueles comportamentais adquiridos pelo verbo, ou seja:
Voz ativa - o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo.
Voz passiva- o sujeito recebe, sofre a ação praticada pelo verbo.
Voz reflexiva- o sujeito é agente e paciente de forma simultânea.
Tornando práticas tais noções, constatemos:
Os alunos realizaram a pesquisa – voz ativa
A pesquisa foi realizada pelos alunos - voz passiva analítica (formada por um verbo auxiliar + um principal expresso numa das formas nominais – particípio).
Realizaram-se a pesquisa – voz passiva sintética
Voltemos nossa atenção para essa última, na qual observamos que o verbo, uma vez se classificando como transitivo direto (realizaram), aparece acompanhado do pronome oblíquo “se”.
Dessa forma, cabe ressaltar que em se tratando da função sintática, esse pronome assume a função de partícula apassivadora.
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Partícula apassivadora: acompanha verbo transitivo direto e serve para indicar que a frase está na voz passiva sintética. Para comprovar, pode-se colocar a frase na voz passiva analítica, como está feito abaixo.
Fazem-se unhas. (voz passiva analítica: Unhas são feitas)
Alugam-se casas e apartamentos. (casas e apartamentos são alugados)

Índice de Indeterminação do Sujeito: vem acompanhando um verbo transitivo indireto, um verbo intransitivo (sem sujeito claro), um verbo de ligação ou um transitivo direto, em casos de objeto direto preposicionado. Serve para indicar que o Sujeito da oração é indeterminado. A voz é ativa. Neste caso, caso seja feita a tentativa, não é possível pôr a oração na voz passiva analítica.
- Necessita-se de voluntários para o hospital. (VTI)
- Neste lugar se é tratado como um animal. (VL)
- Ainda se corre o risco de perder o oxigênio. (VI)
- Ama-se a Deus. (VTD)

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Placas e mais placas estão espalhadas pela cidade com o seguinte informativo:

a) Aluga-se casas!
b) Alugam-se casas!

Afinal, qual frase está correta: plural ou singular?

Neste caso a partícula “se” é apassivadora, isso quer dizer que o verbo é transitivo direto e a oração está na voz passiva sintética e, portanto, o sujeito aparece após “se”.

Veja como seria se passássemos as frases acima para a voz passiva analítica:

a) Aluga-se casas = Casas é alugada.
b) Alugam-se casas = Casas são alugadas.

Agora responda: E então, qual das duas formas é a certa?
Pela percepção você deve ter respondido letra “b”, uma vez que a concordância verbal entre “casas” e “é” está absurdamente incoerente.

Assim, quando as frases do tipo: Aluga-se apartamentos, Faz-se roupas, Faz-se unhas, Vende-se casas e semelhantes aparecerem a sua frente, faça a seguinte pergunta ao verbo: o que?

Aluga-se apartamentos: o que é alugado? Apartamentos. Então, a oração está errada, pois o sujeito “apartamentos” está no plural e, consequentemente, o verbo também estará: Apartamentos são alugados ou Alugam-se apartamentos!

Acompanhe estes casos:

1. Faz-se unhas: o que é feito? Unhas. Então: Unhas são feitas ou Fazem-se unhas.

2. Vende-se casas: o que é vendido? Casas. Então: Casas são vendidas ou Vendem-se casas.

3. Aluga-se apartamento para temporada: o que é alugado? Apartamento. Então, a oração está correta: Apartamento é alugado.

4. Aluga-se um carro de passeio: o que é alugado? Um carro. Então, a frase está correta: Um carro de passeio é alugado ou Um carro é alugado para passeio.

Agora que você percebeu a diferença, não erre mais, nem fique em dúvida ao escrever ou falar, pergunte ao verbo “o que...?” e fique tranquilo.

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