Crase: Regras de uso e
emprego
Da Página
3 Pedagogia & Comunicação
A palavra crase é de origem grega e significa
fusão, mistura. Em gramática, basicamente a crase se refere à fusão da preposição a com o artigo feminino a: Vou à escola. O verbo ir rege a
preposição a, que se funde com o artigo exigido pelo substantivo feminino
escola:
Vou à (a+a) escola.
A ocorrência de crase é marcada com o acento grave
(`). A troca de escola por um substantivo masculino equivalente comprova a
existência de preposição e artigo: Vou ao (a+o) colégio.
No caso de ir a algum lugar e voltar de algum
lugar, usa-se crase quando: "Vou à Bolívia. Voltoda Bolívia". Não
se usa crase quando: "Vou a São Paulo. Volto de São
Paulo". Ou seja, se você vai a e volta da, crase há. Se você vai
a e volta de, crase para quê?
É erro colocar acento grave antes de palavras que
não admitam o artigo feminino a, como verbos, a maior parte dos pronomes e as
palavras masculinas.
A tabela resume os principais casos em que a crase
deve (ou não) ser utilizada:
Caso
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Uso
obrigatório
|
Uso
proibitivo
|
Uso
facultativo
|
Antes
de palavras masculinas
|
Quando
estiver implícito “à moda de”: móveis à Luís 15;
Quando subentendido termo feminino: vou à [praça]João Mendes
|
Viajar
a convite, traje a rigor, passeio a pé, sal a gosto, TV a cabo, barco a remo,
carro a álcool etc.
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|
Antes
de verbos
|
Disposto
a colaborar.
|
||
Antes
de pronomes
|
Antes
da maior parte deles: Disse a ela que não virá; nunca se refere a você.
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Pronomes
possessivos: Enviou a carta à sua família. Enviou a carta a sua família.
|
|
Quando
"a" vem antes de plural
|
A
pesquisa não se refere a mulheres casadas.
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Expressões
formadas por palavras repetidas
|
Cara a
cara; ponta a ponta frente a frente; gota a gota.
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Depois
de "para", "até", "perante", "com",
"contra" outras preposições
|
O jogo
está marcado para as 16h; foi até a esquina; lutou contra as americanas.
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||
Antes
de cidades, Estados, países
|
Foi à
Itália (voltou da Itália).
Chegou à Paris dos poetas (voltou da Paris dos poetas).
|
Foi a
Roma (voltou de Roma).
Foi a Paris (voltou de Paris).
|
|
Locuções
adverbiais, conjuntivas ou prepositivas de base feminina
|
Às
vezes, às pressas, à primeira vista, à medida que, à noite, à custa de, à
procura de, à beira de, à tarde, à vontade, às cegas, às escuras, às claras,
etc.
|
Locuções
femininas de meio ou instrumento: À vela/a vela; à bala/a bala; à vista/a
vista; à mão/a mão. (Prefira crase quando for preciso evitar ambiguidade:
Receber à bala).
|
|
Aquele,
aqueles, aquilo, aquela, aquelas
|
Referiu-se
àquilo;
Foi àquele restaurante;
Dedicou-se àquela tarefa.
|
||
Com
demonstrativo “a”
|
A
capitania de Minas Gerais estava ligada à de São Paulo;
Falarei às que quiserem me ouvir.
|
Bibliografia
·
Manual da Redação do jornal Folha de S.Paulo.
Temos vários tipos de contração ou
combinação na Língua Portuguesa. A contração se dá na junção de uma preposição
com outra palavra.
Na combinação, as palavras não perdem
nenhuma letra quando feita a união. Observe:
• Aonde (preposição a + advérbio onde)
• Ao (preposição a + artigo o)
Na contração, as palavras perdem
alguma letra no momento da junção. Veja:
• da ( preposição de + artigo a)
• na (preposição em + artigo a)
Agora, há um caso de contração que
gera muitas dúvidas quanto ao uso nas orações: a crase.
Crase é a junção da preposição “a” com o
artigo definido “a(s)”, ou ainda da preposição “a” com as iniciais dos pronomes
demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a qual
(as quais). Graficamente, a fusão das vogais “a” é representada por um acento
grave, assinalado no sentido contrário ao acento agudo: à.
Como saber se devo empregar a crase?
Uma dica é substituir a crase por “ao”, caso essa preposição seja aceita sem
prejuízo de sentido, então com certeza há crase.
Veja alguns exemplos: Fui à farmácia,
substituindo o “à” por “ao” ficaria Fui ao supermercado. Logo, o uso da crase
está correto.
Outro exemplo: Assisti à peça que está
em cartaz, substituindo o “à” por “ao” ficaria Assisti ao jogo de vôlei da
seleção brasileira.
É importante lembrar dos casos em que
a crase é empregada, obrigatoriamente: nas expressões que indicam horas ou nas
locuções à medida que, às vezes, à noite,
dentre outras, e ainda na expressão “à moda”. Veja:
Exemplos: Sairei às duas horas da
tarde.
À medida que o tempo passa, fico mais feliz por você estar no Brasil.
Quero uma pizza à moda italiana.
Importante: A crase não ocorre: antes de
palavras masculinas; antes de verbos, de pronomes pessoais, de nomes de cidade
que não utilizam o artigo feminino, da palavra casa quando tem significado do
próprio lar, da palavra terra quando tem sentido de solo e de expressões com
palavras repetidas (dia a dia).
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
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Você já teve dúvidas se colocava ou não
a crase nos pronomes demonstrativos? O problema é que esta crase não é do
pronome, mas sim a representação da junção da preposição que o antecede
e seu “a” inicial!
Assim, existirá o acento grave quando o que foi dito anteriormente exigir a
preposição “a”. Veja:
Refiro-me a alguém.
Refiro-me a aquela mulher.
Refiro-me àquela mulher.
Agora veja: Refiro-me àquela mulher que entrou agora ou Refiro-me à que entrou
agora.
Ficará ainda mais claro se você substituir o pronome por outro que não comece
com “a”:
Não me refiro àquilo que aconteceu ontem. Refiro-me a
isso que
aconteceu agora.
Não se assuste em colocar a crase antes de “aquele”, por se tratar de um termo
masculino, pois o que é levado em consideração é o “a” do início.
Este caderno é igual àquele que vimos ontem.
Agora veja com mais exatidão: Você receberá o seu bônus quando este sucederàquele dos minutos gratuitos.
Você receberá o seu bônus quando ele suceder a este plano de minutos gratuitos.
A crase também pode ocorrer com os pronomes relativos a qual, as quais:
As celebrações às quais assisti eram muito mais breves.
Ainda pode ocorrer com “à que”, a fim de se evitar repetições desnecessárias:
Comprou uma capa igual à (capa) que tinha estragado na última chuva.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
O artigo antecede somente substantivos
ou palavras com valor de substantivo. Por esta razão, a crase não virá diante
de verbos, nem tão pouco de pronomes pessoais (sujeito).
Contudo, tanto a preposição “a” quanto
o artigo feminino “a” virão diante de substantivos femininos, já que os
substantivos masculinos não admitem artigo feminino.
Observe:
Não irei à farmácia. Irei ao supermercado.
O verbo “ir” exige preposição, veja: Não irei. Onde? A algum lugar. Qual? Afarmácia.
Quem vai, vai a algum lugar. Na resposta “a qual lugar?” temos o artigo “a”. Logo,
a preposição “a” mais o artigo feminino “a”, que acompanha o substantivo na
resposta (a farmácia), formam a crase.
Agora, observe:
Não quero ler a capa deste livro.
O verbo “ler” ou a locução verbal “quero ler” não exigem preposição, portanto, o termo
“a” que está na oração acima é um artigo feminino.
Declarei a ele que sou inocente.
Na oração acima, o pronome pessoal “ele” não admite artigo e, por isso, o termo “a” é uma
preposição. Declarei algo a alguém. A quem? a ele.
• Preposição “a” e os pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos em que a crase pode ocorrer são: aquele, aquela,
aqueles, aquelas, aquilo, a(s). Para isso, o termo regente deve exigir
preposição. Por exemplo:
Assisti àquele programa horrível de TV.
Àquilo chamam de programa educativo?
Refiro-me àquela aluna estudiosa.
Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
Em se tratando das peculiaridades
gramaticais, fontes geradoras de inúmeros questionamentos, o
acento indicador da crase é
um típico exemplo de tal representatividade.
Quantas vezes em determinadas circunstâncias, sentimo-nos rodeados por dúvidas
em relação ao uso correto deste sinal gráfico. Como por exemplo: festa
a fantasia? Ou festa à fantasia? Frango a milanesa? Ou frango à milanesa?
Este é um fato que aos poucos, mediante à prática assídua da leitura e escrita,
torna-se menos complexo, pois as famigeradas regras que tanto insistem em nos
confundir, paulatinamente incorporam-se ao nosso conhecimento linguístico à
medida que as apreendemos de maneira efetiva.
Muitas vezes, uma análise contextual é o bastante para detectarmos ou não a sua
presença, tendo em vista duas funções básicas:
* Sinalizar a fusão
básica de duas vogais idênticas referentes a um termo que exija o uso da
preposição “a” com outro que permita o uso do artigo definido. Como demonstra o exemplo:
Vamos à piscina – Quem
vai, sempre vai a algum lugar.
Piscina é um substantivo feminino antecedido
do artigo do mesmo gênero.
Portanto, neste caso constitui-se a referida ocorrência.
* Evitar a ambiguidade
nas frases em função desta semelhança (duas vogais idênticas, porém com funções
distintas). Neste caso, faz-se necessário estabelecermos uma relação de sentido
ligado à semântica discursiva para que o impasse seja solucionado. Vejamos:
Carlos pintou a máquina.
Neste caso temos um artigo definido acompanhando o substantivo máquina.
O discurso revela-nos que foi aplicado tintura a um determinado objeto.
Carlos pintou à máquina.
Aqui já denota outro sentido: o de usar algum tipo de mecanismo para
realizar tal atividade. A pintura poderia ser realizada à mão.
Cheirar a gasolina.
Cheirar à gasolina.
Na primeira incidência, temos a noção de significância ligada ao ato de aspirar
o combustível. Já a segunda revela um odor com características semelhantes ao
combustível.
Apenas nos restou a vontade
de revê-lo.
Os convidados
sentiram-se à vontade
no recinto.
Fato semelhante ocorre neste exemplo.
Diante do exposto, retomemos à afirmativa anteriormente mencionada em relação
ao emprego correto da crase. Em ambos os casos, faz-se necessário o emprego da
crase, por tratar-se de expressões que denotam (mesmo que implícitas) à
moda de, à maneira de.
Torna-se importante ressaltar que mesmo em se tratando de casos antepostos a
termos masculinos, prescinde-se da referida exigência. Como nos mostra o
exemplo:
A bela mulher usufrui de
seus modelos à Luis XV.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
Em meio a tantas exceções, às vezes é
mais simples você memorizar quando a crase não é utilizada do que quando é!
Então, vejamos os casos:
1. Antes de substantivos masculinos:
a) Ele veio a pé.
b) Não vendemos a prazo.
c) Vamos conhecer a fazenda a cavalo.
d) Você deve se vestir a caráter.
2. Antes de verbo no infinitivo:
a) Começou a sorrir quando dei a notícia!
b) Ficou a pensar nela o dia todo!
c) Estava a celebrar sua vitória!
3. Diante de nomes de cidades:
a) Chegou a Belo Horizonte em segurança.
b) Quem tem boca, vai a Roma.
c) Foi a Vitória conhecer o mar.
Detalhe importante: Quando especificar a cidade, coloque a crase: Irei à Veneza
dos apaixonados. Refiro-me à Inglaterra do século XVIII.
4. Em substantivos que se repetem: gota a gota, cara a cara, dia a dia, frente
a frente, ponta a ponta.
5. Diante de pronomes (pessoais, demonstrativos, de tratamento, indefinidos e
relativos):
a) Solicitei a ela que tivesse calma, pois tudo daria certo!
b) Você vai sair a esta hora?
c) Comunicarei a Vossa Alteza a sua decisão!
d) Dê comida a qualquer um que tenha fome!
e) Agradeço a Deus, a quem pertence tudo que sou e tenho!
6. Antes do artigo indefinido “uma”: Ele foi a uma comunhão.
7. Diante de substantivos no plural:
a) O prêmio foi concedido a alunos vencedores.
b) Não gosto de ficar próximo a pessoas que conversam demais!
c) Gosto de ir a praças para ler!
8. Antes de números cardinais: Vou embora daqui a quinze minutos.
9. Antes de nomes de mulheres consideradas célebres:
a) Refiro-me a Brigitte Bardot e sua má postura!
b) Este livro faz referência a Joana D’Arc.
10. Diante da palavra “casa” quando esta não estiver especificada: Foi a casa.
Voltou a casa.
Detalhe importante: Se a palavra “casa” vier determinada por adjunto
adnominal,ou seja, caso esteja especificada, aceita-se a crase: Fui à
casa de meus avós ou Voltei à casa de meus pais.
11. Diante da palavra “terra” quando significar “terra firme” e não estiver
especificada: Após viajarmos muito pelos mares, voltamos a terra.
Porém, quando possuir o sentido de planeta, ocorrerá a crase. Ex.: Os
astronautas voltaram à Terra.
No caso de a palavra terra estiver especificada, a crase estará confirmada.
Ex.: Voltamos à terra de meus avós.
Observação importante:
O uso da crase é facultativo: antes de possessivo (Leve o presente à/a sua
amiga); antes de nomes de mulheres que não sejam célebres (Foi à/a Ana falar de
seu amor) e com “até”:
Foi até à/a escola mais próxima fazer sua matrícula.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
O conhecimento que adquirimos mediante
o estudo dos fatos gramaticais por vezes nos conduz à seguinte constatação: mais do que apreendê-los, torna-se necessário compreendermos
acerca das razões que os concebem como tais. Assim,
com base nessa premissa, cabe ressaltar que se trata de uma diversidade deles e
que citá-los em sua totalidade seria por demais inviável, em se tratando desse
nosso encontro. Dessa forma, elegemos como prioridade para nossa discussão a
estreita relação que se estabelece entre o uso da crase e a regência verbal.
Dessa forma, a compreensão que se
estabelece acerca dos aspectos conceituais, sobretudo os que se atém à junção do artigo “a” + a preposição “a” tornam-se insuficientes, concisos e um
tanto quanto superficiais. Nesse sentido, emerge daí (ou ao menos precisa
emergir) o seguinte questionamento: a presença da preposição se deve exatamente
a quê? Ora, é simples, basta nos atermos aos exemplos seguintes:
Iremos À praia, caso
não chova.
Entregamos as
encomendas ÀQUELES clientes.
Analisando ambos os verbos, segundo a
ótica da regência, constatamos que, de acordo com a predicação, classificam-se
como transitivos indiretos, a saber:
Quem vai, vai a algum lugar, por isso “à praia”.
Quem entrega, entrega algo a alguém, por isso “àqueles clientes”.
Como pôde perceber, nada de
excepcional norteia os preceitos atribuídos a essa ocorrência linguística, haja
vista que apenas um pouco mais de análise acerca dos conhecimentos antes
adquiridos (regência)
para constatarmos as razões desta ou daquela classificação.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Das 7h às 19h ou Das
7h as 19h?
Entre
as 9h e 18h ou entre às 9h e 18h?
Após
as 20h ou após às 20h?
Ao se deparar com tais excertos, algo
lhe vem à memória? Algo assim, fazendo referência a dúvidas, questionamentos
diversos?
Independentemente de quaisquer que
sejam suas impressões, sabemos que em se tratando desses fatídicos entraves que
tendem a nos acompanhar se encontra presente também o
uso ou não da crase na indicação de horas.
Dessa forma, em face dessa inquestionável realidade, prestemo-nos à análise
de alguns pressupostos que porventura farão com que você entenda algumas
peculiaridades que norteiam o assunto em questão. Ei-los, portanto:
# Em se tratando da indicação de horas exatas, o uso da crase se faz presente,
sempre. Constatemos alguns exemplos:
A reunião irá começar às
7h.
As aulas terão início às 20h.
# Nos casos relacionados a horas expressas no singular, como, por exemplo, “uma
hora”, o elemento que acompanha o substantivo “hora” não é um artigo, mas sim
um numeral, o que equivale a dizer “a primeira hora”. Dessa forma, o uso da
crase também se manifesta. Observe:
Chegamos à 1h ontem.
# Mediante o uso de determinadas
preposições, como é o caso das representadas por “para”, “desde”, “após” e
“entre”, o uso da crase se torna dispensável. Atente-se aos exemplos:
Retornaremos após as
17h.
O encontro está marcado para as
13h.
Eles se encontram aqui desde as
15h30.
A conferência será
realizada entre as
14h e as 18h.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras